A construção civil está a atravessar uma revolução silenciosa — e uma das inovações mais promissoras (e surpreendentes) é a impressão 3D de casas. Aquilo que há poucos anos parecia ficção científica, hoje já é uma realidade em vários países. Mas será que Portugal está preparado para este salto tecnológico?
Neste artigo, explicamos o que é a impressão 3D na construção, como funciona, onde já está a ser aplicada, os seus custos e se esta tecnologia pode mesmo transformar o setor imobiliário português.
Trata-se de uma casa construída com recurso a uma impressora gigante — uma máquina controlada por computador que extrude camadas de material (normalmente um tipo especial de betão ou argamassa) de forma precisa, seguindo um modelo digital.
A estrutura da casa é construída camada por camada, sem necessidade de cofragens ou tijolos. Em alguns casos, até as canalizações e condutas elétricas podem ser pré-planeadas e integradas no modelo impresso.
Já existem casas impressas em 3D nos EUA, China, México, Alemanha, Países Baixos, Dubai e até mesmo em África, onde organizações como a ONG New Story têm usado esta tecnologia para criar habitações acessíveis para populações vulneráveis.
Em Eindhoven (Holanda), foi criado o primeiro bairro com casas impressas em 3D habitadas por famílias. Já em Austin (EUA), a empresa ICON construiu dezenas de casas funcionais com esta técnica.
Portugal ainda não tem casas impressas em 3D habitadas, mas já existem iniciativas e estudos académicos em curso. Algumas startups e universidades estão a estudar o potencial da tecnologia no nosso contexto, especialmente para construções rápidas, acessíveis e sustentáveis.
A empresa Havelar, por exemplo, anunciou recentemente planos para explorar tecnologias alternativas e sustentáveis de construção — e a impressão 3D está no radar.
Além disso, a crise da habitação, a escassez de mão de obra e o foco crescente na sustentabilidade podem tornar o nosso país um terreno fértil para a adoção desta inovação.
O custo pode variar muito, mas em geral, estima-se que a impressão 3D de uma casa possa ser até 30% mais barata do que os métodos tradicionais, especialmente quando usada para construções pequenas e padronizadas.
O valor final depende dos materiais usados, do local, da tecnologia da impressora e dos acabamentos.
Vantagens:
Desvantagens:
A impressão 3D ainda não vai substituir os métodos tradicionais em larga escala, mas já representa uma alternativa viável para determinadas situações — como construção de habitação acessível, casas de férias, abrigos de emergência ou até edifícios públicos modulares.
Para Portugal, esta pode ser uma oportunidade estratégica, especialmente com o foco crescente na inovação, habitação social e sustentabilidade. Não será surpresa se, nos próximos anos, as primeiras casas impressas começarem a surgir no nosso território.
Sabias que já foi construída uma ponte pedonal totalmente impressa em 3D em Madrid? A estrutura tem 12 metros de comprimento e é feita com betão especial. É um dos marcos da engenharia digital na Europa!